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quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Tá pesado demais. Viver anda pesado. Anteriormente a esperança caminhava ao lado, mas agora ela anda cansada, errante. Ela que era a heroína dessa vida.Quem sabe o que aconteceu com ela?! Movimentava-se sem pressa, mas sempre perseverante. Estava sempre lá. Não fazia questão de comparecer em eventos. Nem considerava os que achavam que dela não precisavam.Ela tinha ânimo.Tinha energia.E muito embora fosse acanhada e modesta, pois gostava mesmo era de estar ali sempre que precisassem. Na verdade, poucos notavam mas ela estava sempre lá, servindo seus pratos.Ninguém sabia que a felicidade lhe tinha como ingrediente, no contentamento era necessário a sua presença e na música fazia seu mais belo repouso. Fazia serenatas após dias longos e noites mais longas ainda. Rasteira por entre as guerras, numa gota de orvalho encostou. Deslizou no mar a sua fúria e na calmaria de uma nascente se alegrou. Presenciou famílias em reforma, famílias em construção. Esteve com os profissionais se esforçando, e com a bailarina procurando seu equilíbrio, na força de um dedo, os segundos segurou. Ao por do sol cantou seu canto,e apaixonados se olhando as estrelas desnudou. Visitou a terra seca, visitou vales e lagares. Apossou-se da lua albarrooando-a com seu vento, no ar a fez se translocar. Ah que saudades dela quando tinha que atravessar o oceano em caravelas. Dentro de garrafas um recado a transportar. Não eram simples borrões. Eram marcas de vidas, eram segredos de corações. Era a esperança silente e paciente a navegar. Mas naquele tempo, o homem com o coração conseguia sorrir. Havia tempo para o choro, havia tempo para a dor. O amor era sentindo, embora as vezes reprimido, nela encontrava seu lugar. Após apertos de mãos e abraços intermináveis, a amizade era verdadeira, um suspirando a deixava aqui, o outro sorrindo a carregava acolá. Estações e terminais a conheceram bem Esperança e seu olhar atento. Era sua casa também. Quando os filhos ainda não prontos mas na tenra idade partiam além. As vezes pra ir, as vezes pra voltar. Ficava a saudade de uma mãe, que ao vê-lo partir, pra nunca mais voltar.Mas ao sair aquele trem, com as mãos tremendo, sem saber o que encontrar, deixava a esperança junto com o pesar. Antes fôssemos amantes das belas artes.Do perfume da flor, do toque, daquela saudade. Hoje tudo se transformou no nada.Era da cerveja gelada, da alma fria, da roupa rasgada.Dificil habitar nessa terra, liquida, vazia e sem cor. Corações de ferro, peito de aço, boca de bronze, orgulho de cristal, ânimo trovador. Tempo da vaidade, das intenções obscuras, da artificialidade. Ela cansou. Não encontra mais coragem, e o medo a afugentou.Agora, não se sente mais útil aqui.Ela cansou de chorar, cansou de ceder, cansou de esperar. Esperança perdeu a esperança. Ela fazia florir, ela fazia rir e fazia chorar. Ah se pudéssemos voltar atrás e ver, onde a humanidade errou. Hoje tudo é saudades, que a esperança deixou. clerisfolhasaovento.blogspot.cm